quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

DESASSOSSEGO


Seu rosto puro e sem malícia, no todo, no formato redondo e simpático, no sorriso irônico e sem graça que me faz delirar em desejos infantis de morder-te...
Meu coração vibra sem jeito quando de repente, você me olha e fixa o olhar em minha boca (discretamente) e sobe devagar até os olhos... Como se o desejo fosse recíproco e sem sentido, como se eu insistisse em algo sem sentido, mas que você, sem perceber, ascende em mim...
Se falássemos qualquer coisa tudo estaria quebrado, tudo estaria terminado... Há tanta suavidade em nada dizer e tudo se entender... Na linguagem dos sentidos seu corpo conhece o meu por inteiro, e você faz de mim sua escrava!
Não seria amor, talvez nem mesmo paixão... Mas uma facilidade gritante de nos entendermos sem nada dizer um ao outro... Como são belos os seus olhos... Tu me seduzes, mas uma sedução tranqüila, sem medo, sem razão: completamente infantil. (como realmente deveria ser)
O contorno do seu corpo me parece um vento de verão, me aquece, balança meus cabelos e me causa arrepios... Tudo em você me soa como uma risada profunda e mole como de quem deita na grama e fica á observar o desenho que fazem as nuvens...
Talvez seja tudo uma grande mentira, uma grande mentira de criança (um desenho de criança)... Mas será mesmo que a verdade no seu olhar me engana?
Queria embalar-me em seus braços e sair dançando pelo mundo... Você com medo do ridículo, e eu, sonhando acordada com seu cheiro doce e quente na face. O toque despreocupado e sem intenção que ocorre naturalmente, sem notar, estamos nos inclinando para aproximarmo-nos um do outro... E tudo parece um sopro de cenas inventadas por nós (ou por um de nós, individualmente).
Meu coração está se enfeitiçando por você, não quebre o feitiço, por favor!
Não permita que ele fique frio, incapaz de se iludir!
Cheios de ternura e graça, enlacemos as mãos, e selaremos essa fantasia com um unir de lábios, suavemente...
Meu herói, só isso, sem excitações de adultos adúlteros carentes da sua eterna criança interior... (isso talvez seja o nosso amor!). O amor que faz nascer novos seres, e que não finge, não nos transforma em quadros pregados na parede da vida: aceitamos tudo, sem nos mover e modificar as situações...
Sem que precisemos de toques excessivos e sem emoção (TE AMO), não me toque, não fale, não pense... Olhe-me nos olhos, sem graça e com irônica vergonha, e me ame como uma criança a sua mãe.
O amor passa rápido demais, cansamo-nos dessa colorida brincadeira de criança... Precisamos agora do suor, dos corpos nus colados e em fricção, somos apenas um; animais selvagens que tem sede de contado, grudados um no outro...
Isso é o desespero de calar o contato, calar o amor que um dia existiu, e agora pertence às boas lembranças ao lado da inocência (já perdida) da criança...
Amamos-nos feitos dois pagãos... Sonhei demais... Te quis demais... De tudo restou-me o vazio do mundo, sozinha e sem minha inocência de criança.

(um dia, cheia de certeza e segurança hei de abraçar-te e dizer-lhe tudo isso ao pé do ouvido...)